Tambores à distância deve ser lido e relido se quisermos encarar – e derrotar – o fascismo.
Se durante algum tempo pudemos acreditar que a via rumo ao progresso e à igualdade era de mão única, a última década provou estarmos muito enganados. A extrema direita está de volta, ameaçando direitos e liberdades que antes imaginávamos garantidos.
Em 2020, quase 2 bilhões de pessoas estavam vivendo em países com governos com inclinações fascistas – entre eles Estados Unidos, Brasil e Índia, três dos cinco países mais populosos do mundo. Mesmo com Trump e Bolsonaro deixando o poder, o trumpismo e o bolsonarismo não vão arrefecer.
Nada disso, afinal, aconteceu de uma hora para a outra. A verdade é que o trumpismo e o bolsonarismo, em sua essência, já existiam muito antes da eleição de Trump e de Bolsonaro. Grupos radicais da extrema direita vêm se organizando a partir de subculturas marginais, nas mais diversas partes do planeta, há muitos anos.
Joe Mulhall sabe bem disso – afinal, ele estava lá. Fez parte de uma milícia supremacista branca nos Estados Unidos, na qual recebeu uma espingarda e foi enviado para a fronteira com o México. Também conheceu por dentro a Ku Klux Klan, participou de marchas com os grupos extremistas mais violentos da Europa e esteve em reuniões com as maiores lideranças da chamada alt-right, a direita alternativa.
Sempre, claro, como infiltrado. Mulhall é integrante da HOPE not hate, organização britânica antifascista cuja função é monitorar e desarticular as atividades de grupos radicais organizados. Sim, ele fez algumas viagens ao inferno – e voltou para nos contar.
O resultado é tão perturbador quanto oportuno. De maneira muito pessoal, a partir de uma experiência direta, ele narra a história da extrema direita por uma perspectiva internacional, delineando suas diferentes manifestações (partidos políticos, grupos de protestos nas ruas, naziterroristas, discursos de ódio on-line) e explorando os inúmeros fatores que contribuíram para a ascensão atual.